segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Mitologia

Édipo e a Filosofia


Édipo , sujeito do conhecimento, vive sua vida entre doxa e episteme .
No mito reconhecemos que na caverna seu mundo é perfeito. Édipo dominou a episteme quando decifrou o enigma da Esfinge .
Édipo é o sujeito que em seu mundo sensível conhece as coisas e tem poder sobre elas.
Seu Ser e mundo é como Parmênides descreveu é o mundo das aparências, das ilusões, aquilo que conhece como verdade é falso.
Sua existência por ser enganadora esta sempre lhe testando, suas vitórias são sempre temporárias, é o devir de Heráclito .
Édipo, somos todos nós quando não olhamos o mundo, como ele é verdadeiramente. Nossa existência busca, nas ciências, nas religiões, nossa essência, porque nossa razão não consegue perceber . Assim nossa ética é sempre regulada pelas ideologias . Também somos como Édipo vemos só aquilo que é sensível aos nossos olhos mas somos cegos naquilo que nos é essencial. Sofremos como ele porque não sabemos quem somos e de onde viemos.
E como ele trocamos fácil, nossas idéias e ideais, por algo que conforte o nosso ego, nós ocupamos a vida a resolver problemas banais, e nos sentimos como ele, heróis .
Como ele herdamos uma culpa, porque como ele sempre somos feridos na alma, desta ferida, que uns chamam alienação, outros de recalque. Assim como Édipo nos apoiamos na nossa terceira perna, para uns vaidade, para outros medo . Assim como ele pensamos que salvamos a Polis, quando exercemos nosso direito como cidadãos (matamos os monstros que, segundo os gregos, simbolizam as perversões dos governantes perversos ) mas logo a Polis esta em perigo de novo e assim vai...
Até que um dia como ele somos convidados a sair da caverna e conhecer verdadeiramente o que esta oculto e buscar a verdade, ir atrás de nossa verdadeira essência, ele foi, uns não irão, eu quero ir, mas a busca é sempre longa e difícil . Fora da caverna não existe o conforto da dúvida, só a dura certeza, também não existe recompensa, nem prêmio, só a realidade . Muitos irão voltar para contar as grandes novidades, assim como Zoroastro voltou, uns vão dizer que era louco, outros não acreditarão nele, e como o herói nietzschiano, estamos destinados a solidão. Mas assim é a filosofia, solitária naquilo que ela tem de mais democrático que é a possibilidade de cada um de nós ser herói de si mesmo.
Édipo enfim encontrou-se, viu sua essência verdadeira, descobriu de onde veio e escolheu o seu fim.
E aí vocês dirão isto é filosofia, eu responderei, e quem disse que não é?

Lisiane Porto de Vasconcellos .

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