sábado, 22 de agosto de 2009

















Parte 2

Platão (427-347 a.C.) é um aristocrata ateniense, descendente pelo paterno de um dos antigo reis de Atenas e pelo materno do famoso estadista Solon.
Conhece Sócrates muito jovem e o companha até sua execução. O desgosto provocado pela morte do seu mestre o faz desistir do exercício de qualquer atividade política em sua cidade natal. Faz varias viagens especialmente pelo o que chamamos hoje sul da Itália, onde vê frustrado o seu propósito de fundar um cidade governada por filósofos (Sofocracia), e funda em 387 a.C. ,uma escola que chama de Academia que ficará em funcionamento por muitos séculos, e seu discípulo mais brilhante será Aristóteles.

Pensamento Filosófico


Ainda muito jovem, Platão conhece Crátilo, seguidor de Heráclito, que o convence de que todos os objetos sensíveis são coisas transitórias, em estado de fluxo contínuo. Sendo assim, poderiam ser somente percebidos e não se poderia afirmar nada de definitivo sobres as coisas. Por outro lado, de Sócrates, herda uma crença inabalável de que o conhecimento real é possível. Há aqui uma evidente contradição: Como pode o homem encontrar verdades seguras em relação ao mundo de seres em permanente transformação?

Para essa aparente contradição, Platão encontra uma saída: O objeto do conhecimento real deve ser invariável e percebido diretamente pelo espírito, não pelos sentidos .

Para Platão existem realidades perfeitas ou verdades supremas, que só podem ser conhecidas pelo espírito, como exemplo: A beleza ideal, o bem absoluto são imutáveis acessíveis só pelo espírito

Platão chama tais realidade de “idéias “.
“As coisas que captamos com olhos físicos são formas físicas, as coisa que captamos com os olhos da alma são, ao contrario, formas não–físicas: o ver da inteligência capta as formas inteligíveis que são exatamente ,’’ESSÊNCIA PURA” .
Porém, as idéias não podem ser encontradas entre as coisa sensíveis, pois não as vemos e nem as tocamos . Elas devem se localizar em algum outro lugar, vetadas aos sentidos. Platão chega à conclusão que existem dois planos diferentes de realidade, um é o plano das idéias (essência puras) e o outro, das coisas sensíveis (essências imperfeitas).

No livro VII da República, Platão descreve com uma alegoria, conhecida como Mito Caverna, a relação que existe entre o plano das idéias e o plano sensível.


Enquanto o mundo das idéias é eterno e perfeito, o mundo terreno é imperfeito ou uma cópia imperfeita do mesmo. Existe também o Demiurgo, um artífice divino, que contempla as formas do mundo das idéias e plasma ou molda a matéria sem forma e produz as coisas do mundo terreno.

Mas, por que o Demiurgo quis gerar o mundo terreno? Ele gerou por amor ao bem, ou, em algumas passagens, Platão diz que foi por capricho. E produziu a melhor cópia possível. Dotou-o de vida e de inteligência. Mas, a inteligência não pode ocorrer desvinculada da alma. O mundo possui uma alma (anima mundi) , alma do mundo.
A alma do mundo une-se ao corpo do mundo. O mundo é pois resultado dessa união.

O mundo terreno, apesar de ter sido gerado da forma mais perfeita possível pelo Demiurgo, é uma cópia que permanece imperfeita, se considerada a perfeição do mundo das idéias.

Todas essas posições, acerca do mundo das idéias e da origem do mundo terreno, só podem ser afirmadas tendo como pressuposto, a possibilidade do o homem conhecer a verdade.

PREEXISTÊNCIA DA ALMA

Os conceitos de Platão sobre imortalidade da alma, como a alma é superior ao corpo e como a inteligência é superior ao sentido, nos parecem fundamentais para entender a filosofia de Santo Agostinho, e é por isto, que nossa investigação começa examinando estes conceitos
Como foi dito anteriormente, Platão, influenciado por Crátilo, alimenta a duvida sobre o alcance do conhecimento humano. Ele vai solucionar por via da metafísica. Diversamente da posição típica da filosofia moderna (principalmente a partir de Descartes, século XVII), em que a questão do conhecimento (gnosiologia) é coloca antes de qualquer afirmação metafísica, em Platão a questão da gnosiologia é resolvida pela metafísica.

O conhecimento só é possível ao homem, porque a sua alma preexiste, isto é, antes de se ligar ao corpo ela habitou o mundo celeste e, agora, ao ver as coisas que o cercam no mundo terreno, se recorda das coisas que lá contemplou. O ato de recordar é designado de reminiscência.

Como podemos fundamentar a tese da preexistência e imortalidade da alma? Nas obras Mênon e Fédon, Platão apresenta dois argumentos a seus favor: Um de caráter teológico e outro filosófico.

O primeiro se baseia na tradição órfico-pitagórica. Segundo a crença dessa Religião dos Mistérios, alma é imortal e renasce muitas vezes até atingir a purificação total. Portanto, ela já viveu e viu tudo: as coisa lá de cima e as coisa daqui de baixo. Tomando essas crenças Platão conclui que conhecer não é outra coisa que recordar.

O segundo, resulta da interpretação filosófica de um exemplo prático e de algumas considerações sobre o conhecimento matemático em geral. .No Mênon, Platão interroga um escravo que jamais tinha estudado geometria, e mostra como este possuia conhecimentos. Deles não tinha consciência, mas, os possuia. Empregando a maiêutica socrática: inicialmente, faz perguntas muito simples, e aos poucos conduz o escravo a responder perguntas cada vez mais difíceis, sem nada ensinar-lhe. O escravo encontra, por si mesmo, a solução de um problema de geometria. Platão conclui, que qualquer pessoa pode extrair de dentro de si conhecimentos que não saber possuir.

Como vimos, Platão aceita firmemente a imortalidade da alma. Ela, a alma, existe antes de se ligar ao corpo e sobrevive à morte do corpo. Em sua trajetória, alma passa por um processo de reencarnação denominado “metempsicose” .

Na República, Platão expõe uma interessante teoria acerca do caminho das almas: Os homens devem viver uma vida de acordo com determinados princípios éticos, quem não o fizer, recebe uma punição. Mas, sendo o número de almas limitado, nenhuma punição poderá ser eterna, pois, poderia acontecer que num determinado momento o mundo terreno ficasse sem alma para habita-lo. Influenciado pela numerologia pitagórica, Platão estabeleceu a duração de punição ou recompensa em mil anos. Após este período, as almas deve reencarnar.

Somente aqueles que cometeram crimes gravíssimos devem permanecer mais de mil anos. Para os pitagóricos, o número 10 é perfeito. Platão multiplica a duração da vida terrena 100, pelo número 10 e obtém um resultado transhistórico.


TIPOS DE ALMAS
Para Platão há três tipos de alma. Em sua obra Timeu, as descreve:
Alma Racional: é de natureza divina, porque é gerada diretamente pelo Demiurgo É imortal, responsável pelo conhecimento, por todas as operações superiores . Por meio dela, o homem se põe em contato com o mundo superior.

Alma irascível: foi criada pelos deuses inferiores, é responsável pelas paixões nobres e generosas. Está intimamente ligada ao corpo e por isso perece com ele.

Alma concupiscível: é responsável pelas tendências grosseiras e paixões inferiores, é também mortal.


A alma racional se situa no cérebro; alma irascível reside no tórax e é separada da alma racional pelo pescoço e transmite as decisões, através das veias; alma concupiscível habita o abdômen, é separada da alma irascível pelo diafragma e comunica-se com alma racional por meio do fígado.
.

CONCEPÇÃO DE HOMEM
Nas obras de Platão, sua preocupação com o homem é comovente e no seu esforço para criar um modo seguro de conhecer, através do humanismo de Sócrates, podemos ver a atitude política de Platão, que quer levar ao homem a possibilidade de conhecer, se libertar da caverna da sua ignorância e buscar a essência das coisas, por aquilo que lhe é mais perfeito a inteligência .Buscar sempre na conversa com o outro(dialogo) um caminho seguro, para chegar a verdade, sua dialética é método para o conhecimento. O corpo objeto a ser superado. O mundo terreno é o intermediário entre o ser e o não ser, pois está sujeito ao devir, isto é, uma perene transformação .
A concepção dualista sobre o homem. gira em torno de uma visão pessimista em relação ao corpo físico, que é visto como uma prisão, e não como relação harmoniosa .

Se o conhecimento é possível, nem sempre ele ocorre . Alma prisioneira do corpo, sofre uma influencia negativa, em quanto este impede o contado direto com as essências das coisas. Platão chama os conhecimentos produzidos pelos sentidos de doxa (opinião). Este conhecimento é superficial e não explica as causas das coisas. A doxa pode ser superada por um tipo de conhecimento que atinge a causa de todas as coisa no mundo terreno. A este conhecimento Platão chama de epistéme (ciência ).

A doxa se dá em dois grau diferentes: crença (pístis ) e imaginação (eikasía).
A epistéme se dá também em dois graus diferentes: ciência (dianóia) e filosofia (noésis).
A maioria dos homem permanece na doxa, os matemáticos atingem a dianóia e só os filósofo chegam a noésis, porque são os únicos que usam a dialética.

DIALÉTICA: para Platão é um processo de ascensão da alma, que aos poucos vai se libertando das influencias das imagem do mundo terreno, fornecidas pelos sentidos, até atingir o Mundo das Idéias.

Santo Agostinho nasceu em 354 a.C. e morreu em 431 a.C., é o primeiro grande filósofo do cristianismo. Mas as coisas não são assim tão simples, porque Santo Agostinho não começou sendo cristão. Nasceu no norte da Africa, em Tagaste . Seu pai era pagão e sua mãe era uma cristã, depois foi canonizada: Santa Monica
Santo Agostinho foi pagão durante muito anos e tinha uma adesão muito entusiasmada à doutrina de Manes, o maniqueísmo. Manes foi uma figura religiosa muito complexa. Viajou por muitos lugares e teve uma vida bastante agitada, recolheu elementos de muitas doutrinas, entre elas o cristianismo e da religião de Zoroastro. O maniqueísmo era de um dualismo insuperável em Deus e as trevas e isto é de uma dramaticidade que emocionou muito Agostinho.
Em 370 é enviado pelo pai para fazer seus estudos de retórica em Cartago. Nesse período escreve vários opúsculos combatendo o cristianismo, a partir de suas convicções maniqueístas.
À medida que avança em seus estudos afasta-se do maniqueísmo, até cair no ceticismo próprio dos acadêmicos.

Em 383, vai para Roma, onde abre um escola de retórica. Mais tarde, nesta cidade, ouve os sermões de Santo Ambrósio e lê as Enéadas de Plotino.

Os sermões o aproximão do cristianismo, enquanto as Enéadas o afastam do ceticismo.
Em 386, recebe o batismo e inicia a sua trajetória como escritor cristão, e escreve “Contra os Acadêmicos”, primeiro de uma numerosa lista de livros de filosofia e teologia.
O que nos chama a atenção, e por isto se faz necessário contar a vida de Santo Agostinho, antes do cristianismo, porque o mundo em que vive Santo Agostinho é um mundo que está em total “desconstrução”.
Portanto, como podemos ver, houve uma revolução não só em Agostinho, mas também no mundo. Agostinho era pagão e viu o mundo pagão cair, viveu a decadência do império romano (a pressão dos bárbaros já ameaçava a destruição de Roma). Foi o último grande homem antigo. Mas, ao mesmo tempo, foi o primeiro grande pensador que anunciava uma nova era, uma nova época. O contexto de Santo Agostinho é absolutamente extraordinário e junto com sua personalidade forte e apaixonada reflete–se em seu pensamento. Era também um escritor muito refinado. Assim, como Platão, a força mística religiosa e o modo poético na forma de escrever nos leva a uma viagem fantástica, sem nunca perder a coerência .
Há um texto de Santo Agostinho muito expressivo: ”tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova“. Ele tinha consciência de: Ter ama tarde à Deus, descobriu–o tarde, converteu-se já sendo homem adulto. Ou seja, é uma atitude de um homem que está saindo de um forma de vida, de um época histórica e entrando em outra.. Essa atitude visceral de suplica é, em Santo Agostinho, fundamental. È ela que faz desvelar a grande descoberta de Santo Agostinho: a intimidade (o homem grego mal conhecia a intimidade; é claro, houve o oráculo de Delfos, que diz, “conhece a ti mesmo”, isso estará em Sócrates, Platão e Aristóteles; sim, mas está longe de ser a intimidade proposta por Agostinho , por que os gregos raramente diziam “eu”; diziam nós.
Como podemos entender está intimidade em Santo Agostinho? Como a alma, porque para ele aquilo que homem tem de mais intimo é a alma. E em última análise, a grande descoberta de Santo Agostinho é alma entendida como espiritual. Espiritual não quer dizer não material; há uma tendência muito freqüente de entender o espiritual como aquilo que não é material; não se trata disso, mas de algo muito mais importante: espiritual é aquela realidade que é capaz de entrar em si mesma, o poder de entrar em si mesmo é que dá condição. Por isto, Santo Agostinho dirá: não fora de ti, entra em ti mesmo, no interior do homem que habita a verdade.

É tudo tão platônico e ao mesmo tempo tão diferente. Porque, ao mesmo tempo que fala do interior do homem, da intimidade do homem, idéia tão distante de Platão, tem uma profunda ligação com a inteligibilidade humana tão característico de Platão. Cada vez mais Santo Agostinho vai buscar a intimidade do homem chegando até sua alma.


A ORIGEM DA ALMA EM SANTO AGOSTiNHO


Agostinho, trata amplamente da questão da origem da alma, abraça livremente a idéia de Platão sobre a imortalidade da alma e a idéia que alma é superior ao corpo .Mas se mostra vacilante, entre criacionismo e o geracionismo . Deus criou as almas, mas como criou?
Aqui, nos parece claro, que Santo Agostinho não consegue se livrar de suas influencias platônicas, pois numa carta, “O ptato Milevi”, confessa não ter uma opinião clara sobre o assunto.
Platão ainda tem uma presença muito forte em todo pensamento de Agostinho. Deste modo ele refere-se aos platonistas: E, com efeito, Platão já havia compreendido que a plenitude da inteligência, no que se refere às verdades últimas, só podia se realizar através de uma revelação divina .
Mas se alma é um elo de ligação entre Santo Agostinho e Platão, também é onde a filosofia cristã de Santo Agostinho irá se tornar original, porque, como todos sabemos, a idéia de reencarnação de Platão é algo absurdo para o cristianismo, daí por diante, Agostinho irá desenvolver uma filosofia original, que terá uma vigência de oito século, este é o período que separa a filosofia de Agostinho da filosofia da Escolástica. Então, podemos concluir que, tanto o pensamento de Platão, como o de Agostinho, ainda hoje são atuais, porque nenhum deles esquece do homem.


As diferenças fundamentais de Platão para Santo Agostinho na Questão da Alma, são as seguintes:


PLATÃO SANTO AGOSTINHO
- A alma preexiste e subsiste ao corpo e - A alma é criada por Deus ou dele gerada.
já esteve encarnada outras vezes. Também é imortal.

- A alma se compõe de três partes: alma - A alma é una. Ela penetra e vivifica todo
concupiscível, alma irascível e alma o corpo, e está inteira em cada uma de suas
racional. partes.

- A relação entre corpo e alma é de - A relação entre corpo e alma é de unidade
violência.O corpo é uma cadeia da alma. e harmonia.

BIBLIOGRAFIA:

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“História da Filosofia”
Tradução: Adolfo Casais Monteiro
Lisboa – Editorial Inquérito – 1946 – 822 págs. – il.

Agostinho, Santo
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Tradução e Prefácio de Vieira de Almeida
Coimbra – Atlântida – 1957 – 135 págs.

Sciacca, Michele Federico
“História da Filosofia – I – Antigüidade e Idade Média” – 2ª edição
Tradução de Luís Washington Vita
São Paulo – Editôra Mestre Jou – 1966 – 257 págs. – il.

Heidegger, Martin
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Apresentação e Tradução de Emmanuel Carneiro Leão
Rio de Janeiro – Tempo Brasileiro – 1966 – 295 págs.

Reale, Giovanni; e, Antiseri, Dario
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São Paulo – Paulus- 1990 – 693 + (18) págs. – il.

Agostinho, Santo
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Tradução: Oscar Paes Leme
Petrópolis – Vozes/Federação Agostiniana Brasileira – 1991 – 1º vol. 414 págs.,
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Kant, Immanuel
“Crítica da Razão Pura” – 3ª edição
Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão
Introdução e Notas de Alexandre Fradique Morujão
Lisboa – Fundação Calouste Gulbenkian – 1994 – XXVI + 680 págs.

Agostinho, Santo
“A Trindade”
Tradução do original latino e introdução de Agustino Belmente
Revisão e notas complementares de nair de Assis Oliveira
São Paulo – Paulus – 1994 – 726 + (9) págs.

Agostinho, Santo
“Confissões”
Tradução: Maria Luiza Jardim Amarante
Revisão cotejada com o texto latino: Prof. Antonio da Silveira Mendonça
São Paulo – Paulus – 1997 - 450 + (8) págs.

Auroux, Sylvain; e, Weil, Yvonne
“Dicionário de Filosofia – Temas e Autores” – 4ª edição
Tradução de Miguel Serras Pereira
Porto – Edições Asa – 1997 – 460 págs.

Barnes, Jonathan
“Filósofos Pré-Socráticos” – 1ª edição – 2ª tiragem
Tradução Julio Fischer
São Paulo – Martins Fontes – 1997 – 367 págs.


Platão
“Mênon”
Texto estabelecido e anotado por John Burnet
Tradução de Maura Iglésias
Rio de Janeiro – PUC-Rio/Loyola – 2001 – 117 págs.

Ulmann, Reinholdo Aloysio
“Plotino – Um Estudo das Enéadas”
Porto Alegre – Edipucrs – 2002 – 319 págs.

Abbagnano, Nicola
“Dicionário de Filosofia” – 4ª edição – 2ª tiragem
Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revista por Alfredo Bosi
Revisão da tradução e tradução dos novos textos por Ivone Castilho Beneddetti
São Paulo – Martins Fontes – 2003 – XII + 1014 págs.

Platão
“A República”
Tradução Ana Paula Pessoa
São Paulo – Sapienza – 2005 – 403 págs.
A FILOSOFIA PLATÔNICA E A POSSIBILIDADE DE UMA FILOSOFIA CRISTÃ, A PARTIR DO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO.

Parte 1

Este texto busca mostrar como o pensamento platônico influenciou todo o pensamento de Santo Agostinho. A idéia principal é investigar até onde vai está influencia, e onde ela irá parar, ou melhor, como Santo Agostinho irá superar esta influencia para tornar sua filosofia original .
O que nos move a promover este encontro (não que a própria história da filosofia não o tivesse percebido), foi o fato de percebermos, nestes dois grandes pensadores, que o âmago de suas filosofias é o homem.
E por entendermos, que o primeiro problema, pelo menos implicitamente, da investigação filosófica é precisamente o do homem, aquele problema que cada um de nós é para si mesmo: Que sou eu? O que faço no mundo? Qual o meu destino?
Todos os problemas nascem desta reflexão. E, evidentemente, isto não significa que o objeto da filosofia seja apenas o homem: seu objeto é o ser na sua totalidade.
Mas, é o homem, que indaga sobre o ser; portanto, no momento em que propõe o problema do ser coloca o problema de si mesmo dentro do próprio problema do ser.
Portanto, o primeiro problema (mesmo não sendo cronologicamente) é sempre o último, a cosmologia em função da antropologia.
E é neste sentido que buscamos tanto em Platão como em Santo Agostinho as reflexões que própria filosofia contemporânea faz .

O PENSAMENTO


Alguns irão pensar que estão lendo algo sobre a história da filosofia, e se perguntarão: Qual a importância para a filosofia falar da influencia de Platão no pensamento de Santo Agostinho, se temos hoje na filosofia temas aparentemente tão mais atraentes? A resposta é sempre a mesma, como já dissemos antes, por que ambos vão colocar o homem como questão, e buscando, na própria história da filosofia, fundamentar nossa resposta, encontramos Kant.
Este colocou a razão no tribunal e passou em revista todo o pensamento e a produção intelectual antes dele, e fez com que a filosofia voltasse para si, para buscar, dentro do homem, soluções para seus problemas, não que haja com isto uma mudança radical de seus interesses, é claro que seu objeto é sempre o mesmo, o todo. Mas, agora, será que só a razão é capaz de dar conta de tudo? Kant ainda coloca mais um problema ao afirmar ou interrogar “o que podemos querer’’. E ao dizer isto ele nos coloca a dois passos do pensamento de Santo Agostinho quando este diz: “ama e fazes o que queiras“, o Ama e fazes o que queiras; o que queiras, não é o capricho, não a teu bel-prazer, mas sim o que possas querer, que possas verdadeiramente querer.

E se repararmos bem, Santo Agostinho não está tão longe de Kant, para quem o único bem é a boa vontade. E a única coisa que é verdadeiramente valiosa para ele (Kant): o que podemos querer . Não os sentimentos, não o capricho, mas o que possas realmente querer. “Ama e fazes o que queiras.”

Se fazes realmente por amor, pode fazer o que queiras. O que possas queres realmente,o que possas querer amorosamente, por amor. Naturalmente, se se suprime o “ama” destrói-se a frase, como é natural . Não é “ fazes o que queiras“, o capricho, ou o que te agrade ou o que te convenha, não, pelo contrario.
E porque começamos com esta citação de Santo Agostinho e está ligação com o pensamento kantiano? Em primeiro lugar, é para chamar atenção de que o pensamento de Santo Agostinho sempre é centrado no homem, O qual ele quer tornar intimo de Deus, depois levar está reflexão até a modernidade com Kant.

Pensamento Grego e o Pensamento Cristão

Santo Agostinho foi o primeiro filósofo, que assumiu para si a responsabilidade de criar o primeiro grande sistema da filosofia cristã, e neste ponto, se iguala a Platão, primeiro filósofo a sistematizar a filosofia grega.
O Cristianismo introduz algo de muito radical no pensamento filosófico. Se primeiro investigarmos como a filosofia nasceu na Grécia, e chegarmos aos pré-socráticos, que olharão primeiro a natureza e vão procurar explica-la e farão cosmologia para explicar o princípio primeiro “arche”, depois, Platão que é o primeiro a sistematizar todo o pensamento grego, é ele que inaugura de modo organizado as questões colocadas pelos outros . É o primeiro a tentar solucionar a questão do ser colocada por Parmênides e Heráclito. Ele também será herdeiro de outras questões filosóficas: socrática, pitagórica e o orfismo. Dos órficos e dos pitagóricos herdará a noção de imortalidade da alma, questão essencial no pensamento platônico. É também o “criador“ da metafísica ou realidades supra-sensíveis, e ao separar corpo e alma, e dentro desta dicotomia, nos mostrará, pela dialética, o caminho seguro para buscar a verdade.
Como já falamos, o pensamento cristão coloca–se de um modo radicalmente diferente do pensamento grego, porque traz em si uma idéia de criação, que é alheia aos gregos.
Para o cristianismo Deus criou o mundo(Céu, Terra e tudo mais) do nada, “ex nihilo“.
Os gregos não estavam preocupados em explicar a criação do mundo, porque o mundo sempre esteve aí. E está idéia de criação do mundo é estranha para a filosofia até então.

É claro que existe um caso particularmente elucidador, que é Plotino, grande pensador neoplatônico, que com certeza recebeu alguma influencia do cristianismo. Essa influencia o levará a pensar em algo que tem certa analogia com a idéia de criação: É o que ele chamará de “emanação”. Chamará o princípio capital de Uno, mais ou menos o equivalente a divindade, produzindo todo o restante por emanação. Há muitas metáforas, há uma serie de imagens, por exemplo, a de uma luz, que vai iluminando, que vai se difundindo até acabar numa névoa .Há diferentes formas de entender isso, mas o fundamental é que a emanação é a produção de tudo o que não é Uno . Mas este é um pensamento singular porque de modo geral o pensamento grego parte do pressusposto de que as coisas sempre estiveram aí.

Esta mudança que o cristianismo coloca no pensamento tem um grau de radicalidade única. A idéia que Deus criou o mundo do nada, não de si mesmo, não da emanação, não é fabricação, não de uma matéria prima determinada já existente, e sim que Deus põe em existência uma realidade nova diferente d’Ele, por amor. Esse é, digamos, o motivo da ação criadora de Deus, e evidentemente está ameaçado pelo nada, isto é, o problema está em que poderia não haver nada. Não é a mudança de uma coisa para outra, não é o problema da “kinesis” grega, mas algo bem mais radical: o real está ameaçado pelo nada, poderia não haver nada. E Deus pôs o mundo em existência.

Isso com certeza tem um grau de radicalidade maior do que o do pensamento grego, ou seja, o pensamento grego parte do pressuposto que as coisa já estão aí.

Uma pergunta crucial, por que há algo e não somente o nada ?
É a formulação que Leibniz fará, e mais tarde Heidegger.
Primeiramente, isso corresponde a atitude que se iniciou com o cristianismo, no qual o radical é justamente a realidade da criatura e do criador. É por isto tudo que citamos Plotino, porque ele é a ponte que ligará Platão a Santo Agostinho, porque é por ele que Santo Agostinho irá passar para chegar a Platão.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

FILOSOFIA COMO RESPOSTA E FILOSOFIA COMO QUESTÃO

Iniciamos nossa proposta de trabalho na perspectiva do retorno da filosofia no ensino médio. E gostaríamos de investigar como este retorno será feito, e é por isso que a proposta da da filosofia como resposta e filosofia como questão, se coloca como um modo claro e objetivo para refletir este momento na educação brasileira.

Vivemos num país que há muito tempo optou por uma tradição positivista e que buscou sempre nas ciências positivas soluções para os grandes problemas da nossa sociedade, desse modo os filósofos e os temas filosóficos sempre foram olhados com certo descaso, e as pessoas que buscam a filosofia são vistos como aquelas que ainda não descobriram o que fazer da vida e se ocupam com problemas inúteis e irrelevantes.

Com esse modo de pensar, o Brasil, buscou se afirmar como líder, mesmo que seja do terceiro mundo, e colocou todas as suas potencialidades nas ciências chamadas exatas, com a esperança que elas iriam mudar sua condição de país subdesenvolvido e de que a revolução tecnológica iria resolver os seus graves problemas, como: A vergonha da taxa de mortalidade infantil, o analfabetismo, a fome, o desemprego, a falta de moradia, a reforma agrária e a total exclusão da sua população mais carente.

Os anos foram passado, nada mudou, pelo contrário, os problemas citados só se agravam, gerando outros, sendo que o mais sério deles é o da violência, que hoje se tornou nosso maior pesadelo e não sabemos como resolver.

A era da ciência, reinante no mundo, parece que fracassou aqui no Brasil, esta claro.
E porque agora começar a se pensar em filosofia mesmo que de modo tímido?
Seria uma tentativa de recuperar a capacidade de pensar?
Ou de trazer de volta uma consciência crítica, para, por meio dela, reconquistar um espaço de liberdade de pensar ?
Gostaria de pensar que sim. E é por isso que achamos necessário investigar qual seria o tipo de filosofia que será ensinado nas nossas escolas.
E pensando como a filosofia se apresentou ao longo da história da humanidade, ora, cultivada como “a mais nobre de todas as ciências”, ora, perseguida, execrada e acusada dos crimes mais vis. Na própria Grécia, onde ela nasceu, temos a primeira vítima, Sócrates, que foi condenado a beber cicuta porque, através da filosofia, ameaçava a Polis. Esse caráter de ambigüidade, perante a filosofia, é que nos faz pensar nas duas possibilidades apresentadas de como ensinar filosofia:

1 ) Filosofia como resposta
2) filosofia como questão

FILOSOFIA COMO RESPOSTA
A filosofia como resposta se apresenta como uma ciência de todas as coisas por suas causas mais elevadas, é a filosofia identificada como uma sabedoria e é vista como um saber que acumulou durante seus mais de dois mil anos um imenso repertório de teorias e resposta. “Tesouro inestimável da cultura humana que deve ser transmitidos às gerações, como aquilo que de mais valioso foi elaborado pelo homem em seu caminhar “.
Conhecer estas respostas é então enriquecer-se culturalmente e espiritualmente, chegando a uma visão abrangente, e pela posse dessa filosofia primeira, conhecer o bem e mal .
Refletir sobre esta forma de ensinar filosofia como resposta nos levará a uma investigação que começa na sua raiz, e por isso tão antiga como a própria filosofia. Já na Grécia ela está presente, primeiro com Parmênides e o seu princípio de verdade:
“O ser é e não poder ser de outro modo , se ele é o não ser não pode ser.“
Mais tarde, Aristóteles, aproveita do princípio de verdade de Parmênides e criará o princípio de identidade e vai inaugurando na filosofia o primado da metafísica. Nesta perspectiva, o fundamental para a filosofia é chegar à identidade do ser. A primeira tarefa da filosofia é então estabelecer os limites que definem a identidade de cada ser. Mas, para chegar a isso, é necessário uma outra distinção: Entre o que é acidental no ser e o que é essencial. Sim, porque o que se procura acerca de um indivíduo, como aquilo que o determina, é a natureza que é compartilhada com ele por todos os demais seres de sua classe (de sua espécie). Só assim o conhecimento obtido é de alguma utilidade. Pois, não interessaria à ciência, ao saber fixo e universal, captar um conhecimento totalmente contingente .

“A metafísica, forma mais acabada daquilo que chamamos aqui de filosofia da identidade, trabalha, apenas, com uma categoria do ser, a substância, privilegiada como fundamental, enquanto as outras são deixadas de lado, porque justamente não contribuem, não constituem a essência do ente – objeto.”

A metafísica de Aristóteles é abstração pura, pois ela estirpa do ser seus acidentes ou melhor sua existência. Mas, o grande estrago ainda estava por vir, a idade média, principalmente, a escolástica, que sofrerá grande influência de Aristóteles, irá reduzir a filosofia a uma ciência que sabe tudo, sobre quase nada e assim atravessará séculos discutindo o sexo dos anjos.
Desta maneira, a filosofia como resposta, apostou na identidade e se esqueceu da dialética, da história, da existência do real e da própria filosofia, pois
até o nome de filosofia foi trocado para teologia, porque o Ser aristotélico é fechado em si mesmo, não precisa de ninguém, não tem começo, nem fim, não está inserido no mundo, ninguém irá desvelá-lo, é perfeito e está além da nossa realidade.

FILOSOFIA COMO QUESTÃO
A filosofia como questão se apresenta como um modo de aprender filosofia a partir de um problema, de uma questão que se coloca num determinado tempo histórico, num determinado contexto cultural, e cujo equacionamento leva à uma tomada de consciência de um aspecto da realidade até então ignorado. Significa perceber que as resposta definitivas não foram encontradas e talvez nunca o sejam, pois, cada resposta, não é, afinal, uma nova questão?
Assim como a filosofia como resposta, é tão antiga quanto a filosofia.
A filosofia como questão também tem sua raiz no pensamento grego, e seu principal representante é Heráclito. Para Heráclito, toda a realidade é dotada de dinamismo, as coisas estão em perene movimento.
“Nada é fixo, tudo se modifica “. “Tudo se move”, “tudo escorre“.
A filosofia como questão se coloca de modo radical contra a filosofia como resposta, porque rejeita todo o dogmatismo ou verdades sacralizadas, impostas pela metafísica clássica. Ao invés de caminhar no sentido da abstração, caminho percorrido pela filosofia da identidade, propõe-se a um mergulho no real, no concreto, no individual, e na história.

Seu campo não é o das essências, ou de idéias, mas o da própria vida, onde o sujeito e o objeto se encontram indissoluvelmente ligados, pois um é a condição da existência do outro.
Os maiores representes desta filosofia como questão estão nos pensadores existencialistas e no pensamento dialético, porque concebem o real como um processo histórico no qual é o devir que importa . Para este, não há necessidade de estabelecer limites rígidos ao campo da filosofia: todo objeto pode ser tomado como objeto de reflexão filosófica. Todo objeto para ser compreendido remete ao mundo do qual emerge. Em todo objeto de pensamento, a questão fundamental que se coloca não é sobre a definição de sua essência, mas sobre o sentido de sua existência. E dentro desta visão, a filosofia se coloca com uma inquietação e uma capacidade de recolocar como perguntas as respostas que já foram dadas, levando a cada um de nós a continuar sempre questionando, ou seja, a um filosofar permanente.

Porque a filosofia como questão, não é uma meditação sobre teoria já elaborada, não é um processo de assimilação do que já foi dito a respeito, ou a compreensão do que já foi explicado. Não é a capacidade de estabelecer uma hierarquia entre as teorias mais próximas da verdade .


Agora a pergunta final: Qual deste dois modos de filosofia se pretende ver cultivado no ensino médio? Como pretendemos que a filosofia, mesmo como uma disciplina optativa, seja reintroduzida em nossas escolas ?
Para Aristóteles, tudo o que é sensível sofre mudança e assim ele formulou dois conceitos básicos: ato e potência. O ato determina e a potência é indeterminada, aquilo que é só pode ser o que é, não há possibilidade de ser de outro modo.

Mas, fomos salvos pela crítica kantiana que nos libertou da ditadura imposta pela metafísica aristotélica, porque assim como Hume o despertou do seu sono dogmático, ele irá despertar a filosofia e colocar a metafísica no tribunal e realizar a revolução copernicana na filosofia, ela acordará e despertará o Heráclito que estava adormecido.
E no devir, a filosofia se põe como questão, saído da abstração metafísica e entrando no materialismo histórico dialético, e não teremos mais o ensino de filosofia, pois como disse Kant, em citadíssima passagem, não podemos ensinar filosofia, apenas ensinar filosofar.

As perguntas são muitas, assim como as respostas e as questões, mais que nunca podemos é perder o foco da questão.

Que a filosofia tem por objeto a totalidade do ser e que neste aspecto ela radicalmente diferente da ciência que só o busca em parte.
Que é sempre uma reflexão radical, porque vai na raiz dos problemas.
Que é uma crítica que busca o que está oculto nas ideologias.
Que, principalmente, é livre por que não está a serviço de nenhum sistema seja ele político ou econômico.

E é por isso que tanto a filosofia como resposta como a filosofia como questão tem que passar por esta visão .
Enquanto a filosofia como questão nos parece como a melhor alternativa, não podemos colocar todas as nossas esperanças nela, porque corremos o risco de cair no ceticismo e no criticismo, que nada nos ajudarão, basta pensar como o existencialismo e a dialética perderam muito de sua força, uma, porque se aproximou de modo perigoso do materialismo, esquecendo da própria existência do homem e, a outra, porque se deixou levar por caminhos que muitas vezes a levaram ao ceticismo, porque a impossibilidade de afirmar ou negar alguma coisa não combina com a mentalidade que a ciência implantou na modernidade e muito menos ainda com a tradição filosófica.

Desta maneira, a crítica que se coloca na filosofia como resposta, como um saber revelado, onde não se precisa pensar porque as resposta já foram dadas, e sua utilização pela religião, como modo racional de entender a fé, a levou ao dogmatismo, do qual continuamos vítimas até hoje.


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Ensaio introdutório, texto grego com tradução e comentário de Giovanni Reale.
Tradução de Marcelo Perine
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Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão
Introdução e notas de Alexandre Fradique Morujão
Lisboa – Fundação Calouste Gulbenkian – 1994 – XXVI + 680 págs.

Faria, Maria do Carmo Bettencourt de
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Rio de Janeiro – v. 2 – 1981 –
Obs.: Reprografia da pg. 90 até a pg.104.